O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado nesta sexta-feira (25), também é marcado, no Brasil, pela homenagem a Tereza de Benguela, líder quilombola que comandou o Quilombo do Quariterê, em Mato Grosso.
Para a professora Bruna Andrade Irineu, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a data simboliza uma luta interseccional contra o racismo, o sexismo e as desigualdades sociais – especialmente urgente em um estado onde essas opressões se cruzam com intensidade.
“A data reforça a dimensão interseccional das lutas sociais latino-americanas e caribenhas, por conectar as lutas contra o sexismo, o racismo e as desigualdades sociais. No Brasil, também se homenageia Tereza de Benguela, um nome que deveria ter um lugar amplo de destaque na memória oficial do nosso estado”, afirma a docente, vinculada ao Departamento de Serviço Social e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Relações de Gênero (Nuepom).
Bruna é coautora da obra “Diversidade sexual e de gênero e marxismo”, finalista na categoria “Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social” da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). O livro foi selecionado entre mais de dois mil inscritos.
“A indicação é muito honrosa e nos alegra, especialmente por ser uma professora de Mato Grosso, que fez sua formação graduada na UFMT, onde também leciono hoje. Um estado que encontra tantas barreiras no reconhecimento da diversidade que lhe constitui e particulariza, mas que também produz conhecimento, arte e ciência como forma de resistência”, destaca.
Escrito em parceria com o professor Guilherme Gomes Ferreira, da UFRGS, o livro publicado pela Editora Cortez aposta na perspectiva interseccional como ferramenta de combate às opressões estruturais, com ênfase na realidade da população LGBTI+.
Segundo Bruna, esse grupo enfrenta altos índices de violência letal no país e, em Mato Grosso, ainda convive com o abandono institucional: “Sofremos com um vazio no âmbito das políticas de enfrentamento à violência e com ataques anti-direitos por parte de lideranças políticas locais. Os mesmos grupos que reverberam pânicos morais contra a diversidade sexual e de gênero, também são contra o ensino das relações etnicorraciais nas escolas e, por vezes, fazem piada nas redes sociais sobre a necessidade de reparação histórica à população negra”.
A cerimônia de premiação será realizada no dia 5 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. O livro vencedor de cada categoria receberá troféu e premiação em dinheiro. A lista completa de finalistas está disponível em www.premiojabuti.com.br/academico.
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