A obra do túnel na MT‑251, trecho conhecido como “Portão do Inferno”, entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, tornou-se palanque de disputas internas no governo de Mato Grosso. O governador Mauro Mendes afirma que já havia autorizado o projeto do túnel, durante reunião técnica com o secretário de Infraestrutura e Logística, Marcelo de Oliveira (também chamado de Marcelo Padeiro). No entanto, o secretário declarou publicamente que não há definição sobre o túnel e que a decisão dependerá dos estudos em curso, que devem durar até 20 dias .
Linha do tempo da disputa
Em final de junho, Mato Grosso anunciou a mudança de escopo – de obras de retaludamento para o formato de um túnel – sob justificativa de menor impacto ambiental, social e operacional .
Nos primeiros dias de julho, o secretário Marcelo colocou em dúvida a concretização do túnel, afirmando que ainda “não sabe se será túnel” e que a decisão poderia sair em “15 ou 20 dias”
Em 17 de julho, em Várzea Grande, Mendes se disse surpreendido. Afirma que o projeto foi apresentado oficialmente ao secretário, que ele deu o “ok” para prosseguir, e questionou: “Se mudou, ele não me trouxe”
Pontos centrais do impasse
1. Autorizações técnicas vs. indefinição pública
Mendes assegura que o túnel foi validado em reunião técnica e que ele autorizou o avanço. Marcelo, por sua vez, retoma a postura de cautela e dependência de análises técnicas complementares, afirmando: “pode ser, pode não ser”
2. Desafios ambientais e burocráticos
Segundo Marcelo, a área é parte de parque nacional, sujeita a restrições do ICMBio e Ibama. Ele citou dificuldades: “não pode importar material, nem vegetação não nativa” — reflexo da complexidade ambiental envolvida .
3. Custos e licitação
Mendes reconheceu que o túnel terá custo superior ao retaludamento. Ainda assim, ressalta que é mais econômico que outras alternativas já levantadas. Destacou ainda que será necessário rescindir contrato atual e abrir nova licitação .
Consequências para a execução
Até o momento, cerca de R$ 10 milhões já foram investidos nas obras de retaludamento, com valor total do contrato ultrapassando R$ 37 milhões . A indefinição pode não apenas atrasar a obra, como também implicar novos processos licitatórios e readequações contratuais — retrato da complexidade no alinhamento entre a execução técnica e a direção política.
Enquanto o governo central define o rumos nas próximas semanas, moradores de Chapada dos Guimarães, que convivem com interdições intermitentes e riscos geológicos, permanecem apreensivos.
Expectativa pelos próximos capítulos
A população e o setor de turismo esperam que, em até 20 dias, seja anunciada a solução definitiva: túnel ou outro modelo de contenção. A agenda de agosto aponta para a possível licitação do novo projeto, mas a disputa de versões entre governador e secretário deixa clara a urgência de um recuo harmônico nas falas e decisões.
Com a expectativa posta nas próximas análises técnicas e o possível edital de agosto, resta saber se o túnel sairá do papel ou se esse impasse será mais um "presente de grego" para os chapadenses.
Em síntese, a divergência pública entre governador e secretário revela falhas de comunicação e dificulta a execução de uma obra considerada vital para a segurança e mobilidade na MT‑251. No turbilhão de reuniões e declarações, moradores e turistas aguardam que o alinhamento seja encontrado — antes que as pedras voltem a rolar.
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