A rodovia MT-251, que liga Cuiabá ao município de Chapada dos Guimarães, tem sido foco de intensos debates e decisões técnicas desde que o trecho conhecido como "Portão do Inferno" passou a apresentar riscos constantes de deslizamento de rochas. Após idas e vindas, o Governo do Estado de Mato Grosso decidiu pela construção de um túnel, abandonando a primeira alternativa sugerida: o retaludamento.
O retaludamento consistia na escavação e alteração da encosta do paredão de arenito para diminuir sua inclinação e, assim, conter os deslizamentos de blocos de rocha. Essa obra, no entanto, foi considerada arriscada e com forte impacto ambiental, além de exigir a interdição total da via durante sua execução, o que afetaria drasticamente o tráfego e o turismo local.
A proposta então evoluiu para a construção de um túnel. Atualmente, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) trabalha na elaboração do anteprojeto de engenharia para realizar a licitação e contratar, de forma integrada, a empresa responsável pela execução da obra. A expectativa é que o edital seja publicado em agosto deste ano.
No entanto, especialistas alertam que, mesmo sendo mais viável do que o retaludamento, o túnel ainda se localiza próximo à área de escarpa — justamente onde há histórico de quedas de blocos rochosos.
Caiubi Emanuel Souza Kuhn, especialista que acompanha de perto a situação, explica as limitações dessa escolha:
"Não, o túnel é uma alternativa melhor do que o retaludamento, porém é pior do que o viaduto em cima da lá do buraco do Portão do Inferno, porque ainda assim com a construção do túnel, vai ficar próximo da área de escarpa, ou seja, da área onde tem problema com queda de blocos. Então pode ainda continuar ocorrendo problemas com queda de bloco no futuro. Porém, o túnel pode ser feito sem interdição da via e ele vai ter menos impactos ambientais e econômicos do que o retaludamento. É uma solução tão boa quanto o viaduto, que com toda certeza seria a melhor opção pro problema."
A terceira alternativa — o viaduto elevado — é, segundo diversos especialistas, a opção mais segura e ambientalmente adequada. Ele consistiria na construção de uma ponte elevada que atravessaria a área de risco, mantendo distância da escarpa e minimizando a interferência no relevo e na vegetação nativa. Apesar disso, essa ideia foi descartada pelas autoridades estaduais, que alegaram custo elevado e maior complexidade técnica.
Enquanto isso, moradores e turistas seguem atentos às movimentações do governo. O trecho continua exigindo cuidado redobrado, e o futuro da ligação entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães ainda está em processo de definição e expectativa.
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