A obra de retaludamento no Portão do Inferno, na MT-251, em Chapada dos Guimarães, está no centro de uma crise política e técnica que se agravou após o próprio governador Mauro Mendes (União) reconhecer falhas graves no projeto. Com apenas 26% de execução, apesar de já ter consumido cerca de R$ 10 milhões, o empreendimento se tornou alvo de duras críticas de deputados estaduais e de cobranças por mais transparência por parte do governo estadual.
Na sessão desta terça-feira (25), o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), expressou frustração com a situação:
“O cuiabano gosta de ir à Chapada… é triste saber que essa obra não está próxima de ser concluída. O governo errou, os técnicos erraram… esperamos uma solução rápida.”
A insatisfação se intensificou após o Executivo admitir publicamente que o projeto, iniciado há quase um ano com orçamento de R$ 29,5 milhões e previsão de três meses de execução, pode ser tecnicamente inviável.
O deputado Valdir Barranco (PT) foi um dos mais incisivos:
“O governador revela a incompetência dele… agora a incompetência é dele. Ele está matando Chapada e os municípios que dependem dessa estrada.”
Já a deputada Janaina Riva (MDB) protocolou um requerimento cobrando da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) um detalhamento completo sobre os gastos com estudos, laudos e consultorias. Ela questiona se o governo ouviu especialistas como o professor Caiubi Kuhn ou instituições como a Agemat e o Geoparque.
“Precisamos saber onde ocorreu o erro, quanto isso custou aos cofres públicos e qual será o próximo passo. Chapada é estratégica do ponto de vista ambiental e turístico.”
Em tom mais cauteloso, o deputado Wilson Santos (PSD) reconheceu a importância da autocrítica feita pelo governo, mas cobrou encaminhamentos:
“O governador reconheceu que errou, isso é muito importante. Agora precisamos ver qual será o andamento que será dado…”
Governador admite falhas técnicas
Durante entrevista à imprensa, o governador Mauro Mendes explicou que as falhas foram identificadas nos estudos iniciais da obra, e que será necessária a mudança da rota prevista.
“Os estudos mostraram uma grande dificuldade — ou quase uma impossibilidade — de prosseguir naquela rota. É uma análise técnica, não política”, afirmou.
Segundo Mendes, novas sondagens geológicas realizadas no topo do morro revelaram que o solo apresenta instabilidade que inviabiliza a execução da obra como planejada.
“Não é decisão do governador ou do secretário, é uma decisão técnica. O que houve ali foi uma surpresa geológica. Isso exige responsabilidade e revisão.”
Entenda a obra
O projeto no Portão do Inferno prevê o corte dos paredões rochosos e o deslocamento do traçado da MT-251 para minimizar riscos de deslizamentos. A empresa responsável é a Lotufo Engenharia e Construções Ltda. As licenças ambientais foram emitidas em maio de 2023.
A área afetada integra o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, sob gestão do Ibama e do ICMBio, o que aumenta a sensibilidade ambiental da intervenção. Ambientalistas já haviam alertado sobre a possível inadequação do método escolhido, e agora exigem maior responsabilidade do poder público diante das novas revelações.
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Léo 26/06/2025
Se tivessem escutado os especialistas e a população chapadense, essa vergonha o MM não teria passado. Se tivessem construído uma ponte estaiada, já estaria pronta e se tornaria uma das mais belas atrações turística do país.
Marco Antônio Barbosa 26/06/2025
Que menosprezo com Chapada. Dinheiro jogado no rolo.
NEI MOREIRA DA SILVA 26/06/2025
Deixa a mt 251 só para veículos leves,como está. Concluir urgente asfalto pela Água Fria para veículos pesados
3 comentários