A Academia Mato-grossense de Letras - AML, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN; e a Defensoria Pública do Estado, desenvolveu o "Curso Identidade Cuiabana", uma iniciativa de responsabilidade social. As ações aconteceram no Centro Histórico de Cuiabá e trabalharam, especificamente, com pessoas em situação de vulnerabilidade social que habitam e perambulam nessa região da cidade.
Com patrocínio do Governo de Mato Grosso, via Secretaria de Cultura Esporte e Lazer, o projeto foi elaborado para essa população excluída que precisa de olhares e ações especiais, que possibilitem a inclusão e capacitação desse público alvo, para retornar ao convívio social.
Além de escritora e poeta, a presidente da AML, Luciene Carvalho, atua há mais de 15 anos na recuperação de dependentes químicos. E tem frequentado, ao longo desse período, o Centro Histórico de Cuiabá. "Os dependentes químicos não devem ser vistos e tratados como criminosos. Eles precisam é de políticas públicas de saúde", assegura Luciene.
"O tombamento do Centro Histórico tem tudo a ver com essa população toda que passa por aqui, essa gente trabalhadora e também os antepassados que viveram na cidade. É importante saber que o Centro Histórico de Cuiabá é reconhecido nacionalmente pelo IPHAN, desde 1992. E é sobre isso que a gente veio conversar com a população de rua que vive aqui", destacou Gabriela Rangel, do IPHAN.
"É um projeto importantíssimo da Academia Mato-grossense de Letras, com participação do IPHAN. Como ouvidor da Defensoria Pública de Mato Grosso, representante da sociedade civil, me sinto muito feliz de estar aqui neste local histórico e participar dessa ação e contribuir para trazer dignidade para essas pessoas e dizer que eles não estão sozinhas e que podem contar com a Defensoria... nós estamos juntos", salientou Getúlio Pedroso, defensor e ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado.
Estratégias
O "Curso Identidade Cuiabana - Conhecendo o Patrimônio Histórico e Cultural de Cuiabá" foi aplicado desde o começo do mês de julho. Os organizadores caminharam, semanalmente, pelas ruas do Centro Histórico, convocando o público alvo da iniciativa.
Uma cartilha produzida pela AML e o IPHAN sobre o Centro Histórico, com conteúdo acessível, foi utilizada como ferramenta facilitadora do aprendizado para a compreensão dos temas abordados. Material claro e inclusivo, adaptado ao contexto social dos participantes.
O projeto trabalhou com vinte pessoas nessa situação, submetendo-as ao aprendizado sobre o patrimônio histórico e cultural de Cuiabá. O curso teve 10 horas de duração, ao longo de cinco dias; e ofereceu certificados aos participantes. Os interessados poderão colaborar com a preservação do patrimônio e replicar esses conhecimentos junto a comunidade. E estão preparados para, caso desejem, atuar como condutores em passeios turísticos pelo local.
"A Academia está fazendo uma ação de abrir as portas para o Centro Histórico de Cuiabá. isso implica em tratar com a população de Mato Grosso de uma forma geral, em especial, uma capacitação sobre patrimônio material e imaterial para o povo de rua. Que é cidadão, é povo mato-grossense e precisa ser respeitado como tal. Não podemos deixar de fora essa população que já sofre por tanta exclusão. A gente vem aqui com uma cartilha e certificados, explicando conceitos através de uma parceria com o IPHAN e a Defensoria Pública, para dialogar com cidadania... com todos", concluiu Luciene Carvalho.
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