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NA TURQUIA

Projeto bilionário vira 'cidade fantasma' com mais de 500 castelos abandonados

Do R7

Um projeto ambicioso de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão), que prometia transformar um vale em Mudurnu, na província de Bolu, na Turquia, em um paraíso de castelos de luxo, virou uma cidade fantasma.

Burj Al Babas, com 587 vilas inacabadas inspiradas em castelos franceses, está abandonado devido a crises econômicas e controvérsias ambientais e culturais, segundo o jornal turco Türkiye Today e o norte-americano The New York Times.

Iniciado em 2014 pelo Sarot Group, sob liderança dos irmãos Yerdelen e Bulent Yilmaz, o empreendimento planejava construir 732 vilas de três andares, com torres góticas, telhados de mansarda, escadas em espiral, gesso ornamentado e interiores de mármore.

Cada casa, avaliada entre US$ 370 mil e US$ 530 mil, contava com comodidades como jacuzzis em todos os andares, piso aquecido e terraços na cobertura.

O projeto, que ocuparia 250 acres, incluía planos para um shopping center, banhos turcos, um parque aquático e jardins com lagos, aproveitando as fontes termais de Mudurnu, uma cidade conhecida pelo passado como destino termal romano, segundo a revista de viagens Condé Nast Traveller.

O objetivo era chamar a atenção de compradores ricos de países do Golfo, como Catar, Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, atraídos pelo clima mediterrâneo da Turquia.

Inicialmente, o projeto foi um sucesso, com cerca de 350 vilas vendidas, segundo a agência de notícias norte-americana Bloomberg. Mas a queda nos preços do petróleo, combinada com inflação crescente, turbulência política e crise econômica na Turquia, mudou o cenário.

Muitos compradores desistiram ou atrasaram pagamentos, deixando o Sarot Group com uma dívida de US$ 27 milhões. Em 2018, a empresa declarou falência, paralisando a construção, segundo a revista norte-americana Newsweek.

Entraves no processo
O projeto enfrentou resistência desde o início. Moradores de Mudurnu criticaram o design dos castelos, que, inspirados em construções como a Torre de Gálata, em Istambul, e em estilos britânicos e norte-americanos, destoavam da arquitetura otomana tradicional da cidade.

“Se eu tivesse poder, destruiria tudo e deixaria a natureza recuperar a terra”, disse o ambientalista Mehmet Canturk ao Türkiye Today.

Ambientalistas também acusaram o Sarot Group de destruir florestas locais, incluindo pinheiros negros e carvalhos raros, e abriram processos contra a empresa.

A privatização das fontes termais para uso exclusivo nas vilas gerou mais descontentamento. Na época, moradores defendiam que o recurso deveria permanecer público.

Além disso, o layout das vilas foi criticado pela proximidade entre as unidades, que comprometia a privacidade e a exclusividade esperada pelos compradores de alto padrão. “Os castelos parecem casas de bonecas enormes”, disseram críticos ao Türkiye Today.

Em 2019, a sentença de falência foi anulada, permitindo a retomada da construção de vilas contratadas, de acordo com o jornal turco Hurriyet Daily News. No entanto, a pandemia de Covid-19 interrompeu novamente o progresso.

Possível retomada?
Em 2021, o terreno foi adquirido pela Nova Group Holdings, uma empresa norte-americana, mas nenhum avanço significativo foi registrado, segundo a companhia de viagens Atlas Obscura, dos EUA.

Hoje, Burj Al Babas é um cenário de vilas inacabadas, com entulho, vegetação rasteira e fiação exposta, o que torna o local perigoso, como alertou o blogueiro de viagens Ilke Opperman ao Türkiye Today.

Apesar de oficialmente fechado, o empreendimento atrai exploradores urbanos e influenciadores, que comparam o local a um cenário de filme distópico.

Investidores, como o kuwaitiano Jassim Alfahhad, expressam frustração com os atrasos. “Pagamos integralmente, mas nada foi concluído”, disse ele ao Türkiye Today.

Moradores locais, como o ambientalista Canturk, defendem a demolição das construções para restaurar a paisagem natural, argumentando que o projeto “apagou os valores da cidade”.

O Sarot Group enfrenta processos judiciais de compradores exigindo reembolsos e de ambientalistas cobrando reparações. Ao mesmo tempo, investigações sobre má conduta financeira estão em andamento.

 

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