Durante a posse dos deputados na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) no dia 1º de fevereiro, o deputado e sargento da Polícia Militar, Elizeu Nascimento (PL), fez um gesto que muitos interpretaram como uma saudação nazista, ao jurar à Constituição Estadual.
Em nota, Elizeu disse que o gesto não tinha o objetivo de aludir à saudação nazista, alegando que se tratava de um juramento comum aos feitos pelos oficiais das Forças Armadas.
Caso estivesse seguindo as normas do Serviço Militar, conforme apontado em decreto de 1966 que regulamenta a lei do Serviço Militar, Elizeu deveria ter emulado o gesto - a posição de respeito à bandeira - com "o braço direito estendido horizontalmente à frente do corpo, mão aberta, dedos unidos e palma para baixo", o que não foi o caso.
E no momento em que fez o gesto, como justificou, os deputados não estavam jurando a bandeira, o que gerou ainda mais confusão na interpretação do que Elizeu queria transmitir com sua atitude.
Confundida com liberdade de expressão, a apologia ao nazismo, crime tipificado no Código Penal brasileiro, cresce no Brasil. A lei brasileira de 1989 que elenca os crimes de racismo se baseia no artigo da Constituição que os descreve como inafiançáveis e imprescritíveis.
Seguidor do ex-presidente Jair Bolsonaro e um feroz defensor de pautas ultra-conservadoras, Elizeu elogiou a visita da deputada alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), a Bolsonaro, realizada em setembro de 2021. Beatrix é uma defensora dos ideais de Hitler.
O encontro entre Bolsonaro e a deputada alemã foi vista como uma afronta ao povo judeu e recebeu duras críticas de vários setores da sociedade civil.
Curioso
Em 2019, um grupo de nazistas brasileiros, formado por um grupo de pessoas dos estados da região Sul, viajaram para os Estados Unidos para participar de um encontro de idolátras de Hitler. Por serem brancos, de olhos caros e cabelos loiros, acreditaram que iam ser recebidos com festa pelos 'amigos'.
Não foi bem o que aconteceu. Ao serem percebidos pelos nazistas estadunidenses como 'latinos', foram espancados e expulsos do encontro. Mal sabiam que para extremistas europeus e norte-americanos, todos aqueles nascidos do México para baixo são considerados 'latinos', e por conseguinte são vistos como parte de uma raça impura.
O escritor Marcio Pitliuk, especialista em Holocausto e Segunda Guerra, diz que 'neonazistas brasileiros não durariam 24h na Alemanha’.
Para Márcio, pessoas como Elizeu, que tem traços claramente brasileiros, fazer alusão a um movimento que perseguia pessoas de sua cor, mostra claramente falta de conhecimento histórico sobre o tema no país.
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