Em novembro de 2021 o governador Mauro Mendes (União) apresentou o cronograma do Parque Novo Mato Grosso, um espaço multiuso que está sendo construído em Cuiabá a um custo de R$ 150 milhões. Na ocasião, o ex-piloto Nelson Piquet, participou do megaevento. As obras deveriam ficar prontas em dois anos. Mas mudanças ocorreram: a previsão agora é que parte do empreendimento seja entregue apenas no último ano de gestão, e o investimento pulou para R$ 600 milhões, valor 300% acima do inicial.
A entrada do Parque está localizada na MT-251, cerca de 11km da Trincheira Engenheiro Roberto Flávio Abbott de Castro Pinto, entre a Rodovia Helder Cândia - que liga Cuiabá ao Distrito de Nossa Senhora da Guia (MT-010), e Rodovia Emanuel Pinheiro – Estrada de Chapada.
De acordo com a administração do executivo estadual, as obras de terraplanagem “estão sendo realizadas com equipamentos próprios do governo e por meio de um TAC com o Ministério Público do Estado”, segundo informou a assessoria. O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), visa reparar procedimentos realizados de forma errônea. Indagados sobre detalhes do termo, a assessoria do governo não respondeu. O Ministério Público do Estado (MPE-MT) também preferiu não se manifestar.
O parque foi projetado para ter um espaço multiuso com autódromo, estacionamento para 15 mil veículos, área para shows e eventos para 100 mil pessoas; além de kartódromo, lago , museu do agro, pistas de motocross, de caminhada e de arrancadão. Tudo isso em uma área com 300 hectares doada pelo Grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi Scheffer, o “rei da soja”.
Existem ainda muitas dúvidas em relação ao projeto, que não tem prazo para conclusão. Até o momento, foi construído um viaduto na Rodovia Emanuel Pinheiro – estrada de Chapada – duas pontes e 2,7 km de asfalto para o acesso ao canteiro de obras, totalizando R$ 30,1 milhões.
O governo justifica que o valor do investimento aumentou porque agora estão previstos novos atrativos: roda gigante, vila das nações, separação dos lagos para prática de esportes e reuso de águas, árvore da vida (um mirante ), museus com atividades diversas e bikecross. Também houve aumento no projeto do espaço-família, da área de skate, do Museu do Agro – que passa a ser chamado de Agroplace, com atividades voltadas ao agronegócio – e da praça de alimentação, segundo informa a assessoria de Mauro Mendes.
Alguns editais começaram a ser lançados neste ano para licitações distintas, conforme a especificação do atrativo. A construção da área de shows, por exemplo, tem valor estimado no edital de R$ 51,8 milhões, em um contrato de 17 meses, podendo ser prorrogado e reajustado até a conclusão da obra.
O megaparque é considerado importante para o setor de eventos e turismo. Por outro lado, acende uma luz amarela pela falta de transparência. De acordo com o projeto, o governo estadual irá bancar todo custo da obra e, depois, o espaço será gerido pela iniciativa privada, em regime de concessão. Vale realmente a pena investir e repassar para iniciativa privada?
No final de setembro, a pedido do deputado Eduardo Botelho (União), foi aprovada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) a realização de uma audiência pública para tratar do projeto. “Parece que tem recurso público e privado. A gente não sabe nada, qual o impacto disso na economia de Cuiabá?” questionou o parlamentar, que é pré-candidato a prefeito de Cuiabá nas eleições de 2024.
Na Assembleia, a audiência chegou a ser agendada para outubro, mas foi adiada. Em período de negociações políticas para eleições do próximo ano, o tema pode render ainda muita discussão.
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Eunice E Gugelmin 07/11/2023
Desnecessário fazer o comentário relacionado a Nelson Pique. Deveriam ser profissionais e não militantes.
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