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Política Sábado, 18 de Fevereiro de 2023, 18:28 - A | A

Sábado, 18 de Fevereiro de 2023, 18h:28 - A | A

TENSÃO

Presidente do Chile classifica Daniel Ortega como ditador

A declaração do líder de esquerda chileno foi feita após Manágua apertar o cerco contra opositores do regime nas últimas semanas

Efe, AFP, DW, Lusa

Gabriel Boric faz declaração após Nicarágua retirar cidadania de mais de 90 opositores. Chile é o primeiro governo de esquerda da América Latina a condenar abertamente decisão. Brasil se mantém em silêncio.O presidente do Chile, Gabriel Boric, classificou neste sábado (18/02) seu homólogo da Nicarágua, Daniel Ortega como ditador. A declaração do líder de esquerda chileno foi feita após Manágua apertar o cerco contra opositores do regime nas últimas semanas.

Na mais recente violação, o governo de Ortega retirou a nacionalidade de 94 opositores e críticos, incluindo antigos aliados que lutaram na Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) contra a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, na década de 1970, como o escritor Sergio Ramírez, que chegou a ser vice de Ortega na década de 1980.

Entre os nicaraguenses que perderam a cidadania na quarta-feira estão ainda a escritora Gioconda Belli, o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, e o ex-comandante da revolução Luis Carrión, ao menos 22 jornalistas e ativistas de direito humanos. Eles foram acusados de "traição à pátria".

Além de perder a nacionalidade, a Corte de Apelações de Manágua determinou o confisco a favor do Estado de todos os bens e empresas dos acusados e proibiu o grupo de exercer cargos públicos e concorrer em eleições.

Tanto Belli quanto Ramírez, assim como a maioria dos citados na lista são opositores de Ortega e vivem no exílio. No entanto, há vários mencionados que ainda estão na Nicarágua. A ação ocorre poucos dias depois de Ortega ter deportado 222 detidos, como líderes políticos, padres, estudantes, ativistas e outros dissidentes, para os Estados Unidos. Considerados presos políticos por organizações humanitárias, os opositores deportados também foram acusados do crime de "traição à pátria".

Críticas de Boric

A recente onda de deportações e retirada de nacionalidade de opositores provocou uma enxurrada de críticas contra o governo de Ortega. Neste sábado, o presidente do Chile prestou solidariedade aos opositores.

"O ditador não sabe que a pátria está no coração, nos atos e não se priva por decreto. Não estão sozinhos!", escreveu Boric em sua conta no Twitter.

O governo chileno já havia expressado o repúdio à decisão de Ortega na quinta-feira e afirmado que o país estava se tornou uma "ditadura autoritária". O Chile foi o primeiro governo de esquerda da América Latina a condenar abertamente as medidas de Ortega.

Além do Chile, a União Europeia e os Estados Unidos também condenaram a decisão. A Espanha ofereceu cidadania aos nicaraguenses que se tornaram apátridos depois da decisão do governo.

 

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