Maio de 2025 - No ritmo em que estamos do avanço tecnológico crescendo em ritmo exponencial, é comum ouvirmos que todo líder precisa entender de tecnologia. Embora essa afirmação pareça inquestionável no contexto atual, talvez a pergunta mais relevante para os próximos anos não seja se os líderes conhecem Inteligência Artificial (IA), mas se sabem liderar com ela, seja para conduzir novas demandas, ou para saber conduzir seu time.
Neste cenário, executivos ainda enfrentam obstáculos para integrar a IA às estratégias organizacionais. Segundo um estudo da EY, 84% dos CEOs brasileiros reconhecem que a capacitação em IA é um fator importante para o sucesso. Ainda que expressivo, esse número apresenta outra nuance ao mercado: que a tecnologia está disponível, mas a liderança ainda está em fase de adaptação.
Essa lacuna se torna ainda mais evidente quando o cenário extrapola o uso da IA na automação de tarefas operacionais. Indo além, essa tecnologia está transformando profundamente o ciclo de vida dos negócios, que vai da concepção de uma ideia à sua execução, da análise de dados à reinvenção de produtos, processos e estratégias.
Vamos pensar na implementação de um software para gerenciar o back office de uma empresa. Partindo da premissa do quanto se ganha eficiência em qualquer processo com o uso da IA, neste em especial, essa tecnologia pode ser utilizada antes mesmo da venda de um projeto, por exemplo. Durante esse assessment inicial, algoritmos analisam documentos, identificam padrões e preparam a equipe para conversas mais assertivas com os clientes. Em reuniões, por sua vez, transcrevem e resumem conteúdos em tempo real, deixando a informação disponível sem correr o risco de depender exclusivamente de quem está conduzindo o processo, pois tudo passa a ser sistematizado, acessível e compartilhável.
Essa nova lógica reorganiza o papel da liderança, fazendo com que o gestor deixe de ser aquele que decide apenas com base em feeling ou experiência prévia, para se tornar alguém capaz de interpretar sinais, cruzar dados e antecipar movimentos com base em inteligência contínua. Isso exige mais do que domínio técnico, uma vez que requer curiosidade, adaptabilidade e uma postura menos centralizadora.
Estabelecendo um cenário em que um projeto de gestão empresarial passa a ser conduzido de forma mais estratégica, a liderança pode dar um passo além integrando a IA à cultura de gestão. Em vez de tratar a adoção da IA como algo “do time de tecnologia”, ela deve fazer parte da rotina estratégica da empresa, trazendo insights que vão da previsão de demandas à automação de relatórios ou da análise de riscos à recomendação de caminhos. Ou seja, é preciso explorar a sua usabilidade, um caminho cheio de possibilidades, pois novos recursos nascem dia após dia. Basta entender como utilizar melhor.
Pensando na evolução deste processo, ainda é possível debruçar nas dores específicas de cada setor e criar soluções personalizadas com base nos dados de seus próprios sistemas de gestão. Isso não só potencializa o uso da tecnologia já contratada, como posiciona essas organizações em um novo patamar competitivo.
As possibilidades são infinitas e o papel do líder não é ‘saber tudo’ mas, sim, criar as condições para que a organização aprenda, se adapte e evolua mais rápido do que a concorrência. Afinal, o caminho é claro, como destacado no título deste artigo: ou você lidera com IA, ou será liderado por quem sabe como usá-la.
*Wilson Júnior é evangelizador de Inteligência Artificial na Ábaco Consulting, boutique consultiva de negócios focada em gestão e parceira da SAP.
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