_Isso é coisa do seu tempo! Hoje tudo mudou! ... Hoje em dia não é mais assim, vovô!
Foi assim que se expressou meu neto ao me ver apanhando da tecnologia moderna, ao manusear meu telefone celular.
De fato, o interesse pelas coisas do passado, vai-se apagando pouco a pouco. As crianças de hoje, de um modo geral, não são estimuladas para valorizar o patriotismo, a religiosidade e o amor da família.
E o corpo humano, que antes se dividia em cabeça, tronco e membros, hoje ganha mais dois apêndices indispensáveis: o automóvel e os aparelhos da tecnologia moderna: celular, tablet, notebook, etc.
Sabedorias antigas, para muitos, são consideradas inúteis e até mesmo motivos de caçoadas.
Há mudanças vertiginosas em curso no nosso dia a dia, sobretudo após a pandemia do coronavírus que assola o mundo, desestruturando a maioria das instituições: escolas, famílias, cidades, igrejas, judiciários, presídios, em todos os lugares do globo terrestre. Pior de tudo é essa aldeia global em que se transformou a Terra, onde estrangeiros frequentam nosso quintal, não trazendo benefícios ao social de um modo geral.
Estamos interligados via satélite, perdemos nossa identidade cultural e nossa privacidade.
Os seres humanos estão vivendo mais e a população de idosos cresceu vertiginosamente. Temos que acompanhar, queiramos ou não, essa evolução, que nos leva a trabalhar, nos divertirmos, pagar e comprar, até mesmo namorar, através de aplicativos, nova palavra acrescentada ao nosso vocabulário.
Para nosso espanto, o que era bom ontem, hoje não tem mais utilidade ou serventia e o que não se recicla, vira lixo. E a humanidade já não sabe que destino dar a tantos e tamanhos resíduos da vida atual.
Por outro lado, os estímulos são tantos, que as crianças de hoje parecem já nascer sabendo de tudo. Então, ensinam seus avós. É comum que elas demonstrem uma certa irritação e até mesmo falta de paciência com a lentidão do raciocínio dos velhos.
Tenho a impressão que, em silêncio, elas pensam com seus botões:
_Não é assim, vovô! Cabeça dura!
Em suas veleidades, a nova geração esquece que o passado estará sempre presente no nosso dia a dia, pois constitui-se em matéria prima para as modernidades de hoje, tão indispensáveis!
João Eloy é chapadense, médico, professor, escritor, compositor, músico, apresentador do Programa Varanda Pantaneira e articulista do Alô Chapada
O Alô Chapada não se responsabiliza pelas opiniões emitidas neste espaço, que é de livre manifestação
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