Cuiabá e Várzea Grande, que já chegaram a contar com 10 policlínicas, enfrentam uma drástica redução no número de unidades de saúde. Várzea Grande fechou todas as suas, enquanto Cuiabá manteve apenas uma, após o fechamento de cinco unidades. Atualmente, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o Estado conta com apenas duas policlínicas em funcionamento: uma em Cuiabá e outra em Sinop (500 km ao norte de Cuiabá). Em Cuiabá, das seis policlínicas que existiam, apenas a unidade do bairro Pedra 90 segue em operação. A Secretaria Municipal de Saúde justifica que essa unidade permanece aberta devido à sua localização em uma área de alta vulnerabilidade social, com pouca oferta de serviços de saúde. A secretaria garante que não há previsão de fechamento da unidade.
Nos últimos anos, policlínicas como as do Planalto, Verdão e Coxipó foram desativadas devido a mais de 180 apontamentos da Vigilância Sanitária, que inviabilizaram o atendimento sem grandes investimentos em reformas e recursos humanos. Como parte da reorganização da rede, o município manteve quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), com capacidade para atender o dobro da população de Cuiabá. O antigo prédio da Policlínica do Coxipó será transformado no Centro de Especialidades Médicas (CEM Coxipó), visando fortalecer os serviços de urgência e especialidades médicas. No entanto, muitos moradores da capital ainda enfrentam dificuldades de acesso a serviços especializados.
A escassez de unidades tem gerado enormes dificuldades, forçando a população a se deslocar por longas distâncias. Sirlei dos Santos Rozendo, 52, moradora do Parque Cuiabá, relata que precisa levar sua mãe idosa até a Policlínica do Pedra 90, que está distante. ‘A policlínica que tínhamos foi fechada, no Coxipó também não temos. Saio todos os dias com ela, que tem dificuldade de locomoção, do Parque Cuiabá até aqui’, diz Sirlei, lembrando que a unidade do Coxipó foi fechada há dois anos para reforma e nunca reabriu.
Ana Débora Oliveira, 35, moradora do Pedra 90 e mãe de Alice, de 4 anos, também utiliza frequentemente a unidade de saúde. ‘Se não for aqui, só nos resta as UPAs, porque posto de saúde não funciona’, afirma.
Várzea Grande
Em Várzea Grande, que já teve quatro policlínicas, atualmente não há mais nenhuma. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, toda a demanda das unidades foi absorvida pelo Centro de Especialidades Médicas, que oferece serviços especializados, exames e consultas, de forma semelhante às policlínicas.
O superintendente de Atenção Primária, Márcio Frederico Arruda, explica que a mudança faz parte de uma estratégia do Ministério da Saúde para reforçar a atenção básica. Ele afirma que os atendimentos realizados nas antigas policlínicas eram de ‘baixa complexidade’, que poderiam ser resolvidos na atenção primária. “Cerca de 80% dos problemas de saúde podem e devem ser resolvidos na atenção primária, então com a mudança foram implementadas 15 equipes nessas quatro unidades”, destaca. O objetivo é fortalecer a atenção primária para reduzir a sobrecarga nos serviços especializados.
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