Esta semana senti uma saudade danada da minha escola primária, lembrando com ternura dos quatro anos que lá estudei.
Foi no jardim Ipiranga que, numa manhã de março de 1942, encontrei uma santa que marcou minha vida: a professora Oló.
O jardim era o local onde os alunos se reuniam antes do início das aulas.
Ali conversávamos com as professoras, tirávamos dúvidas, concluíamos tarefas.
Às sete horas e trinta minutos, o bedel tocava a campainha, anunciando que as aulas iriam começar.
Naquela época, a escola primária estadual só aceitava meninos.
Éramos grupos de trinta alunos, perfilados em formação quase militar diante do portão principal.
Uniformizados, cantávamos o Hino Nacional.
Em seguida, a diretora Aline Tocantins fazia a saudação.
Depois, em silêncio, agora em fila indiana, cada classe adentrava à escola.
Com disciplina, cada turma buscava a sua sala de aula.
Minha professora antes de iniciar os trabalhos, rezava conosco uma Ave-Maria e um Pai-Nosso.
Guardo boas lembranças da lousa, das tabuadas, das contas e dos exercícios de gramática.
Recordo também da merenda escolar.
Os alunos em melhores condições levavam lanche de casa, enquanto os demais recebiam da escola um copo de leite em papel e um sanduíche de pão francês com rapadura, vinda do rio abaixo.
Era uma distinção imensa ser chamado à lousa para escrever o que a professora ditava.
Como a Escola Modelo Barão de Melgaço oferecia apenas o curso primário, segui para o ginásio no Colégio Salesiano, o ‘colégio dos padres’.
Deixei de ser aluno da professora Oló, mas nunca a esqueci.
Anos depois, quando Secretário de Educação no Governo Pedro Pedrossian, tive a honra de emprestar-lhe o nome a um moderno Centro Educacional, no bairro Cidade Verde: Aureolina Eustáquio Ribeiro, inaugurado por ela mesma.
Gratas memórias da minha inesquecível professorinha da escola primária.
Reprodução
Professora Oló
Reprodução
Escola Barão de Melgaço
*Gabriel Novis Neves é médico e ex-reitor da UFMT.
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