Entre agosto de 2021 e agosto de 2022 o Brasil registrou um aumento de 24% no número de assassinatos por arma de fogo. A informação é do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, e os dados reforçam o que especialistas defendem há muito tempo: a maior circulação de revólveres, pistolas e e outras armas de fogo contribui diretamente para o aumento de assassinatos.
Ao todo, o número pessoas assassinadas por armas de fogo de mão — de calibre menor, como pistola e revólveres — foi de 3.118 em 2021, ante 3.878 em 2022, enquanto as mortes ligadas a outros tipos de agressão tiveram redução.
Em 2022, Mato Grosso apresentou um aumento de 39% no número de mortes de jovens de 15 a 25 anos. Os dados dizem respeito aos homicídios dolosos, com uma média de 22 assassinatos por mês.
No total, 271 jovens morreram em 2022, superando os registros de 2021, quando 195 mortes foram notificadas nesse público.
Em uma das principais cidades do estado, Rondonópolis, o crescimento no número de casos de homicídios em 2022 é preocupante: 83% em relação ao ano anterior. Conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), entre janeiro e novembro de 2022, 57 homicídios ocorreram na cidade.
Especialistas na área da segurança pública, somadas a evidências científicas, mostram que o maior número de armas tende a aumentar a violência letal. Antes de o Estatuto do Desarmamento ser sancionado, em 2003, “a velocidade de crescimento dos assassinatos no país desde o início dos anos 1980 era 6,5 vezes maior do que a que passou a vigorar no período subsequente”, diz o Atlas da Violência de 2022.
“Pessoas com acesso a arma de fogo tendem a dar respostas mais violentas para a solução de conflitos interpessoais”, aponta artigo do anuário, escrito por Renato Sérgio de Lima e outros professores da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.
A violência traz imensos prejuízos de todas as ordens. Famílias são destruídas, serviços de saúde ficam sobrecarregados e o prejuízo financeiro para a sociedade é grande.
REGISTRO
O aumento do número de assassinatos ocorre simultaneamente ao aumento do número de armas registradas em posse de cidadãos, segundo informações da mais recente edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em julho de 2022.
Segundo os dados do Sinarm, sistema da Polícia Federal que cadastra posse, transferência e comercialização de armas de fogo, houve 186.071 novos registros em 2020, um aumento de 97,1% em um ano. A maioria desses registros é de cidadãos privados.
Enquanto especialistas em segurança pública apontam que a facilitação no acesso a armas favorece a violência, o governo anterior argumentava que as medidas adotadas visavam a desburocratização, a clareza das normas e "adequação do número de armas, munições e recargas ao quantitativo necessário ao exercício dos direitos individuais".
INVESTIMENTO EM SEGURANÇA
O Governo de Mato Grosso entregou armamentos não letais para a Polícia Militar, na última quinta-feira (16.02), como parte dos investimentos de R$ 18 milhões que estão sendo aplicados pelo programa Mais MT na modernização da segurança pública. Os equipamentos de menor potencial ofensivo vão atender o Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) e Força Tática.
Até 2022, o governo estadual havia investido R$ 270 milhões em viaturas, armas e fardamento das forças de segurança, como forma de oferecer maior produtividade das forças de segurança e, consequentemente, redução nos índices criminais.
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