O delegado da Especializada de Repreensão aos Crimes Cibernéticos (DRCI), Gustavo Godoy, afirmou que o aumento de casos envolvendo menores em crimes graves na internet representa uma verdadeira “epidemia”. Segundo ele, menores de idade lideram grupos que promovem atividades ilícitas, muitas vezes com a participação de adultos que atuam como coadjuvantes.
“Tem maiores de idade envolvidos que não estão na posição de liderança. Então, você vê que a idade não influencia muito. Isso aí é uma epidemia, na verdade. Esse tipo de conteúdo, esse tipo de grupo está espalhado pelo mundo inteiro. Então, acaba se inspirando em outros locais. Hoje em dia, a plataforma Discord tem muito disso. O próprio Telegram tem muitos desses canais que envolvem isso. Eles se inspiram muitas vezes no que acontece no exterior, né? Você vê hoje em filmes, séries que relatam esse assunto também em outros estados”, explicou o delegado.
A 'Operação Mão de Ferro 2' , deflagrada nesta terça-feira (27), revelou uma rede organizada, composta por pelo menos 20 pessoas de diversos estados do país, predominantemente adolescentes entre 15 e 17 anos. O líder, um jovem de 15 anos de Rondonópolis (212 km de Cuiabá), utilizava exclusivamente dois celulares para coordenar ações criminosas. A rede estimulava o suicídio e automutilação nas redes sociais, além de praticar outros crimes graves.
De acordo com as investigações da Polícia Civil de Mato Grosso, os envolvidos praticavam indução, instigação ou auxílio à automutilação e ao suicídio, além de perseguição (stalking), ameaças, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, além de atos de apologia ao nazismo e invasão de sistemas informatizados, incluindo acessos não autorizados a bancos de dados públicos.
As ações criminosas eram realizadas principalmente em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, onde os investigados disseminavam conteúdos de violência extrema, estimulavam comportamentos autodestrutivos, coagiavam psicologicamente as vítimas, ameaçavam e expunham adolescentes ao público, causando danos emocionais e psicológicos severos.
Durante a segunda fase da operação, a polícia também identificou uma jovem de 16 anos, moradora de Sinop (480 km de Cuiabá), considerada suspeita e vítima. Durante o cumprimento de mandado, foi constatado que ela apresentava múltiplos ferimentos decorrentes de automutilação.
Além disso, a operação nacional resultou na prisão temporária de três indivíduos, dois no Amazonas e um no Pará, e na prisão em flagrante de um homem em São Paulo, por posse de pornografia infantil. Também foram cumpridos seis mandados de internação, incluindo um em Rondonópolis e outros em Mato Grosso do Sul, Pará, Sergipe e São Paulo.
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