13 de Agosto de 2025
Quarta-feira, 13 de Agosto de 2025
facebook instagram youtube twitter whatsapp
Chapada dos Guimarães
icon-weather
Quarta-feira, 13 de Agosto de 2025
facebook instagram youtube twitter whatsapp
Chapada dos Guimarães
icon-weather

Fechou na Neblina Quarta-feira, 13 de Agosto de 2025, 18:26 - A | A

Quarta-feira, 13 de Agosto de 2025, 18h:26 - A | A

CONSIGNADOS

Sindicatos denunciam tentativa do Estado de impor sigilo sobre contratos públicos da Capital Consig

Após mais de 60 dias de espera, servidores continuam sem acesso integral aos processos que podem revelar irregularidades nas contratações do MTCard

Da assessoria
Da Redação

Seis sindicatos e a Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso (FESSP-MT) denunciam que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag-MT), segue criando obstáculos para entregar cópias de cinco processos administrativos públicos que tratam da contratação da Capital Consig e de outras quatro empresas do mesmo grupo econômico, que são ClickBank, BemCartões, Cartos e ABCCard.

O pedido foi feito em 5 de junho, mas não foi atendido dentro do prazo legal de 20 dias previsto na Lei de Acesso à Informação (LAI). Após sucessivas justificativas de “trâmites internos”, pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), as entidades ingressaram com mandado de segurança no dia 3 de julho. No dia 24 de julho, o Tribunal de Justiça (TJMT) determinou que a Seplag entregasse as cópias ou apresentasse justificativa fundamentada no prazo de 10 dias.

No entanto, no dia 7 de agosto, a PGE respondeu condicionando a entrega à triagem prévia de supostos “dados sensíveis” e à assinatura, pelos advogados, de um termo de responsabilidade e sigilo que proíbe a divulgação do conteúdo dos documentos. Para os sindicatos, essa exigência é ilegal e representa uma tentativa de transformar contratos e atos administrativos públicos em material confidencial, contrariando o princípio constitucional da publicidade e as regras da LAI.

Conforme os advogados Murilo de Moura Gonçalves e Everaldo Andrade Jr., do escritório AFG & Taques, os processos solicitados não contêm dados pessoais de servidores ou informações privadas, mas apenas atos administrativos, tais como despachos, pareceres, certidões, ofícios e homologações, e documentos exigidos das empresas para contratação. “A alegação de aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é, portanto, indevida, já que a transparência é a regra e o sigilo a exceção, restrito apenas a informações sobre intimidade, segredo industrial, vida privada, honra e imagem”, esclarecem.

Os sindicatos também contestam o argumento de que seria necessário proteger dados estratégicos ou negociais das empresas conveniadas, já que, ao firmar contrato com a Administração Pública, as instituições privadas se submetem ao dever de transparência e não podem ocultar informações como preços, taxas ou condições pactuadas. Outro argumento refutado se trata da justificativa de que os documentos conteriam operações financeiras ou “comunicações sensíveis”: em um processo de credenciamento, não há movimentações financeiras privadas, e as comunicações internas e pareceres oficiais são, por natureza, públicos.

“O que a Seplag está fazendo é colocar uma mordaça nos sindicatos. Querem entregar o documento público, porém, com a condição de que ninguém possa falar sobre o que está nele. Isso é um contrassenso jurídico e um ataque direto à transparência, uma postura incompatível do Estado com a Constituição e com a LAI, já que não se trata de dados privados e sim de atos administrativos que, por definição, devem ser públicos”, esclarece a equipe jurídica.

Os sindicatos defendem que o acesso integral a esses processos é direito de qualquer cidadão e, neste caso, essencial para que mais de 20 mil servidores prejudicados conheçam as circunstâncias em que as empresas foram credenciadas e possam exigir reparação dos danos. Ainda avaliam que a demora no atendimento à LAI e a tentativa de impor restrições ao uso das informações públicas só reforçam a necessidade de fiscalização.

Esse caso integra uma série de medidas movidas coletivamente para proteger os servidores públicos estaduais das fraudes dos consignados, responsabilizar empresas e gestores públicos e ainda assegurar que situações semelhantes não se repitam em Mato Grosso.
O escritório AFG & Taques reforça que não assinará o termo de sigilo e adotará as medidas administrativas e judiciais necessárias para garantir o acesso integral aos documentos.

Sobre o caso

Além de aguardar a documentação solicitada, os sindicatos esperam resposta da Seplag-MT quanto à prorrogação, por mais 90 dias, da suspensão dos descontos em folha referentes aos contratos com a Capital Consig e demais empresas do grupo econômico. Estas e outras solicitações estão na esteira de uma série de representações coletivas apresentadas à Seplag e à Desenvolve-MT, ao Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Assembleia Legislativa, Banco Central e Tribunal de Contas do Estado. As denúncias contra a empresa envolvem simulação de empréstimos como se fossem cartões de crédito consignados com descontos vitalícios, dívidas infladas em até 840%, ausência de contrato formalizado, de fatura ou cartão físico, entre outras fraudes.

 

Entre no grupo do Alô Chapada no WhatsApp e receba notícias em tempo real 

Volte para capa do Alô Chapada

Comente esta notícia