O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniram na noite desta segunda-feira (13), no Palácio do Planalto, em reunião fechada. O encontro não constava da agenda presidencial e acontece em meio à expectativa de que o governo anuncie, o quanto antes, um novo titular para a Procuradoria-Geral da República (PGR), cuja indicação precisa ser referendada pelos senadores.
Como mostrou o Valor na edição desta segunda-feira, Lula decidiu, nos últimos dias, que vai acelerar a definição do novo chefe do Ministério Público Federal (MPF). O motivo é que a gestão petista identificou uma articulação da procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, para trazer de volta à cúpula do órgão nomes considerados lavajatistas. Ela está no cargo desde 27 de setembro, após o fim do mandato de Augusto Aras.
A avaliação foi feita em reuniões realizadas pelo governo na semana passada. Lula foi avisado por auxiliares próximos de que Elizeta Ramos estaria nomeando para o segundo escalão do órgão procuradores que ocuparam cargos centrais no sucesso da extinta Operação Lava-Jato.
Diante da reviravolta, segundo fontes, o presidente decidiu dedicar mais tempo da sua agenda política às entrevistas com potenciais candidatos. De acordo com interlocutores, a intenção com isso é escolher um novo PGR ainda nesta semana.
Por meio de nota, Pacheco disse que o encontro foi para tratar "das pautas de interesse do país e do Senado Federal e discutir a situação fiscal de Minas Gerais".
"Reiterei ao presidente Lula minhas preocupações, diante da crise fiscal do Estado, e a solicitação para que possamos equacionar a questão da dívida com uma proposta que haverá de ser formulada, em breve, para análise da União", informou Pacheco em nota.
Pacheco afirmou que vai se reunir com o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Leite (MDB), na quinta-feira. Acrescentou que vai pedir uma agenda com o governador do Estado, Romeu Zema, e com a equipe técnica do Ministério Fazenda "o mais breve possível".
Participação em indicações
Em caráter reservado, aliados de Rodrigo Pacheco têm dito, por sua vez, que ele e o seu grupo político, que tem o senador Davi Alcolumbre (União-AP) como um de seus integrantes, querem ter maior ingerência nas próximas indicações que serão feitas pelo governo até o final do ano.
Os parlamentares miram especialmente cargos no Judiciário, mas a ofensiva também envolve agências reguladoras e órgãos como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pessoas ligadas a Pacheco e Alcolumbre creem que ter influência nessas nomeações será importante para os seus projetos políticos de 2026.
O governo, por sua vez, tenta dar mais atenção ao Senado após enfrentar algumas dificuldades nos últimos meses. Uma das mais emblemáticas foi a rejeição inédita do indicado do presidente da República para o comando da Defensoria Pública da União (DPU), no mês passado.
As indicações feitas pelo governo já geraram alguns ruídos entre Pacheco e o Planalto desde o início do ano. Em maio, o presidente do Senado deixou claro que não gostou de ter tomado conhecimento dos indicados do Ministério da Fazenda para o Banco Central pela imprensa.
Na época, ele se recusou a receber ministros em seu gabinete para deixar claro o descontentamento. Em outubro, antes das novas indicações, Haddad mudou a postura e comunicou a Pacheco pessoalmente quem seriam os escolhidos dias antes da formalização.
Outro episódio que gerou desconforto na cúpula do Senado foi o fato de que o próprio nome de Pacheco foi ventilado por seu grupo político como um dos possíveis cotados para o Supremo. Como a ideia não foi levada adiante pelo presidente Lula, senadores dessa ala dizem que querem a indicação de alguém ligado a eles no STF e não vão aceitar um nome do perfil de Cristiano Zanin na Corte.
Entre no grupo do Alô Chapada no WhatsApp e receba notícias em tempo real