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Geral Quinta-feira, 31 de Outubro de 2024, 07:19 - A | A

Quinta-feira, 31 de Outubro de 2024, 07h:19 - A | A

CULTURA

Morre o pianista Arthur Moreira Lima, aos 84 anos

Um dos maiores nomes da música clássica no Brasil, carioca encabeçou projeto de popularização do gênero, com mais de 500 concertos feitos a bordo de caminhão-teatro circulando pelo país

Do Globo 100

Um dos maiores nomes do piano brasileiro, Arthur Moreira Lima morreu nesta quarta-feira (30), aos 84 anos. O músico morreu no Hospital Imperial de Caridade, em Florianópolis (SC), onde morava desde 1993. Segundo informações de familiares, ele lutava contra um câncer de intestino há cerca de um ano. O velório será na realizado nesta quinta-feira (31), entre 12h e 16h, no Jardim da Paz, em Florianópolis.
Pianista mais laureado da história do país, Moreira Lima teve uma longa carreira internacional, tocando, nos anos 1970, com as filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia, as sinfônicas de Berlim, Viena e Praga, além das orquestras da BBC de Londres e a Nacional da França.

Nascido no Rio em 1940, iniciou seus estudos ainda criança, e teve o primeiro recital profissional em 1949, no Theatro da Paz, em Belém (PA). À época, venceu importantes concursos no Brasil, como o Jovens Solistas, promovido pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), em 1949 e 1952.

Em abril de 1986, Arthur Moreira Lima foi um dos solistas do concerto do Projeto Aquarius, que reuniu 100 mil pessoas na Quinta da Boa Vista, com regência de Isaac 
Nas décadas de 1950 e 1960, ampliou sua formação na França e na Rússia, onde obteve vaga no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, sendo orientado por Rudolf Kehrer. Em 1965, ainda aluno do Conservatório, conquistou o segundo lugar no Concurso Internacional Chopin, em Varsóvia.

Após diplomar-se no Conservatório, foi assistente de Rudolph Kehrer por três anos. Ao longo de sua carreira, dedicou-se a interpretar compositores clássicos como Chopin, Brahms, Mozart e Rachmaninoff, mas também incluiu em seu repertório obras de músicos brasileiros, como Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Radamés Gnattali e Pixinguinha.

Em 1975, gravou um álbum duplo com obras de Ernesto Nazareth, contribuindo para o resgate da obra do compositor. No período, morando novamente no Brasil, ampliou sua atuação para além da música de concerto. Tocou com o grupo Época de Ouro e gravou o clássico álbum "ConSertão" (1982), com Elomar, Paulo Moura e Heraldo Do Monte, pela gravadora Kuarup.
Nos anos 1980, intensificou as ações para a popularização da música de concerto. A partir de 1986, o pianista apresentou, na extinta TV Manchete, o programa "Toque de classe", no qual teve convidados nomes como Moreira da Silva, João Nogueira, Ney Matogrosso, Nelson Gonçalves e Milton Nascimento.

Na década seguinte, apresentou-se em concertos populares em locais como a Mangueira e a Rocinha. Em 1998, suas gravações foram distibuídas em 41 CDs vendidos em bancas de jornais, acompanhados por fascículos escritos por Eric Nepomuceno. A partir de 2003, ele passou a se apresentar no projeto Um Piano pela Estrada, com o qual fez mais de 500 concertos em um caminhão-teatro que circulou por centenas de cidades em todas as regiões do Brasil.
Tricolor ilustre, era homenageado pela torcida do Fluminense e gravou o hino do clube ao piano. Em setembro deste ano, Arthur Moreira Lima recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), homenagem aprovada por unanimidade no Conselho Universitário em 22 de agosto.

O Instituto Piano Brasileiro, Centro de pesquisas dedicado ao instrumento, postou ontem uma mensagem: "A família acaba de nos comunicar. Nossos agradecimentos a esse gigante incomparável, por tudo que fez pela cultura brasileira e pianística. Que seu nome seja sempre reconhecido entre os heróis brasileiros."

Na mesma postagem, o maestro Roberto Tibiriçá, que sábado vai reger a Orquestra Sinfônica Brasileira na edição 2024 do Projeto Aquarius, no Rio de Janeiro, deixou um comentário: "Oh meu querido amigo! Que pena".

 

 

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