São mais de 200 anos de relações de “amizade” entre Brasil e Estados Unidos. Todos esses anos os Estados Unidos buscaram impor uma política de dominação imperialista sobre a economia brasileira, marcados por sabotagens e espionagem por parte da CIA, apoio a intervenção militar e envolvimento direto em golpes, como no golpe militar de 1964.
A “Doutrina Monroe” implantada em 1823 pelos Estados Unidos, logo após a independência do Brasil, que tinha o lema “América para os Americanos”, objetivava afastar a presença europeia e intensificar os ideais expansionistas dos Estados Unidos na América Latina.
Não só no Brasil, mas em toda a América Latina, a “Doutrina Monroe” foi utilizada pelos Estados Unidos para ampliar o seu domínio e controlar as economias de diversos países da região.
Hoje presenciamos mais uma sabotagem dos EUA com a aplicação do “tarifaço” sobre os produtos de exportação do Brasil. Uma reação imperialista diante do crescimento social e econômico do Brasil, cujos argumentos são meramente ideológicos.
Vejamos alguns dados, desde ano 2000, o PIB (índice que reflete a riqueza econômica do país) brasileiro cresceu em média 2,2% ao ano. É importante assinalar que o PIB oscilou para baixo, apresentando queda nos anos de 2009, 2015, 2016 e 2020.
Contudo, o saldo foi positivo. Em 2024, o PIB brasileiro cresceu 3,4%, o maior resultado desde 2021. O primeiro trimestre de 2025 também apresentou crescimento, com alta de 1,4% em relação ao trimestre anterior e de 2,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A economia brasileira tem mostrado crescimento, pois quando o PIB sobe, é sinal de que as pessoas estão com mais dinheiro no bolso e comprando mais.
A qualidade de vida do brasileiro também melhorou nestes últimos anos. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil é de 0,786, classificado como um país de alto desenvolvimento humano.
O IDH varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1, maior a qualidade de vida. Avançamos na saúde, saneamento básico, educação, acesso a serviços financeiros e padrão de vida. Apesar, do alto índice de desigualdade social no Brasil, estamos mais ricos e vivendo melhor!
A reafirmação identitária ameaça o aculturamento estadunidense do brasileiro. O Brasil está se redescobrindo como um país de povo diverso e combatendo as iniquidades étnicas e raciais que persistem desde o período colonial.
A nossa cultura está sendo mais conhecida e valorizada pelos brasileiros, usualmente mais valorizada pelos estrangeiros do que pelos próprios brasileiros. Os filmes e documentários que falam do Brasil estão ganhando força, e o clichê hollywoodiano, “já deu!”.
Estamos aprendendo a valorar nossa biodiversidade tanto para a preservação quanto para a comercialização sustentável. Atualmente, além de grãos exportamos modelos de manejo de florestas e técnicas de cultivo. Seguir “de vento em popa” incomoda o Estados Unidos de Donald Trump. A ameaça maior aos EUA vem dos países que compões o BRICS (Índia, Brasil, Rússia, China, Indonésia, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito, Etiópia, Irã e África do Sul).
Estes países correspondem a um terço da economia global e quase a metade da população mundial. As pautas do Brics como a desdolarização das transações comerciais entre esses países, reforma das instituições financeiras mundial e o multilateralismo redesenham a geopolítica mundial e coloca o Sul Global (antes conhecido Terceiro Mundo) em evidência.
Trata-se de motivos suficientes para os EUA se preocuparem, principalmente com a perda da centralidade da moeda americana nas transações comerciais entre esses países.
O ataque do Trump à justiça brasileira com argumento de violação da liberdade de expressão, por meio da aplicação de leis às big techs é mais uma retórica norte americana de que alguns países são inimigos da democracia, coincidentemente, aqueles que compõe o grupo do BRICS.
O “tarifaço” de 50% aos produtos brasileiros é um contra-ataque a ameaça libertária do Brasil aos 200 anos de colonialismo econômico e cultural exercido pelos EUA. Por fim, crises são sempre oportunidades para a reflexão e realinhamento de pensamentos e condutas.
O Brasil é muito mais do que conhecemos, é hora de despolitizar a discussão sobre o que fazer diante do “tarifaço” e reconhecer a verdadeira intenção do Trump e de seus apoiadores, ou seja, garantir o “sonho americano” em detrimento do direito dos demais países sonharem com uma vida melhor.
Alcione Lescano de Souza Junior é professor de Fisiologia Humana na Universidade do Estado de Mato Grosso
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