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Opinião Domingo, 11 de Agosto de 2024, 11:15 - A | A

Domingo, 11 de Agosto de 2024, 11h:15 - A | A

ALUISIO ARRUDA

Chapada não merece esse desprezo

ALUISIO ARRUDA

Logo após a fundação de Cuiabá em 1917, o primo de Miguel Sutil, buscando terras adequadas para produzir alimentos subiu a Serra da Chapada e encontrou o que considerou um paraíso, não só pelas suas belezas exuberantes, mas pelas terras férteis em abundância.

Instalou um sítio no local até hoje denominado Buriti e fez uma grande roça. Nesse local chegou a ter cerca de 150 escravos que produziam todo tipo de alimento consumido na época.

Esses escravos construíram cerca de 4 trilhas pelas escarpas da Chapada e em lombos de burros abasteciam Cuiabá. Essas trilhas (Carretão, Top de Fita, do Francês e outras, existem até hoje e inclusive são rotas das cavalgadas em comemoração a festa de SantÀna, que era também a protetora dos escravos em suas duras labutas de produção e transporte.

Por incrível que pareça, há mais de 300 anos já se sabia que o acesso para Chapada deveria ter várias alternativas, no entanto hoje os gestores do governo de MT, responsável pelas rodovias, pelo direito de ir e vir, não tiveram a capacidade e a inteligência que os produtores e os escravos tiveram, mesmo sendo a grande maioria analfabetos.

Além de apedeutos, são terrivelmente adversos e hostis a qualquer tipo de sugestão, a ponto do próprio governante de plantão responder a um especialista em geologia, em alto e bom som, que o governo não aceita pitaco, e que o Retaludamento será feito, e ponto final.

Cabe a essa “sumidade”, ou melhor, ao esse gestor menos inteligente que antigos escravos e seus burros, uma pergunta òbvia: Quem vai pagar os prejuízos que estão tendo toda uma população, estudantes, comerciantes, empreendedores, a própria Prefeitura tendo reduzido enormemente a arrecadação de impostos, etc., há quase um ano pelas interdições da Rodovia Cuiabá-Chapada nos períodos chuvosos e no sistema Pare e Siga?

E mais, uma pergunta que não quer calar: Quem vai assumir a responsabilidade e os graves prejuízos que poderão haver em caso de iminentes acidentes na construção desse tal Retaludamento, principalmente se houver desabamento sobre o já debilitado viaduto do Portão do Inferno, e interditar de vez a Rodovia e consequentemente o acesso para a cidade de Chapada?

Mais uma pergunta òbvia: Não deveriam esses “gestores” por sinal arrogantes e sabichões, já terem há muito tempo construídos outras alternativas de acesso para Chapada, como fizeram os escravos há mais de 3 séculos???

Insistindo nas perguntas; porque não foi construída até hoje a Rodovia na parte baixa, lateral dos paredões, no mesmo sentido dos linhões de energia que sai da usina de Casca para Cuiabá, com apenas 30 Km???

Porque não foi asfaltada apenas alguns Kilometros do trecho da Rodovia do Manso até a Água Fria, que seria também uma rota alternativa para Chapada???

Garanto que aqueles escravos mesmo iletrados, porém muito mais inteligentes que nossos atuais gestores, já teriam criado várias outras alternativas de acesso, antes de partir para uma aventura temerosa, extremamente arriscada, altamente prejudicial ao meio ambiente, à vegetação, a beleza cênica que é o histórico Portão do Inferno, condenado a ser destruído de forma sumária e imbecil.

Evidente que existem outras soluções até sem prejuízo ao cenário exuberante, mais principalmente à toda população da Chapada dos Guimarães.

Eu mesmo no início dessa novela, sugeri em outro artigo que um viaduto estaiado (como na ponte Sergio Mota) resolveria o problema sem necessidade de interromper a rodovia. Sugeri na época também a construção das outras alternativas rodoviárias citadas neste artigo e que a rodovia 251 se transforme em uma Estrada Parque, apenas para veículos de passeio.

Mas infelizmente esses “gestores” toscos, fizeram ouvidos moucos.

Aluisio Arruda é jornalista, arquiteto e urbanista

 

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Comente esta notícia

CLOVIS PEREIRA MENDES FILHO 16/08/2024

Bom Dia, Aluísio. Aqui é o Clovis, Eng. Civil, que aprendeu desenho técnico com você no tempo da Projetec. A não ser pela data equivocada (erro de digitação???), seria 1817, não é?, eu concordo em tudo com sua publicação. Realmente, as soluções para o acesso à Chapada, foi pusta em cheque com este problema do Portão do Inferno. Como sempre a tal da \"Vontade Política\" não deixa as soluções óbvias serem implementadas e nada de novo aparece nas informações da mídia. Quanto a Chapada, vai sobrevivendo pela força do acaso.

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Luiz Eduardo Monteiro de Barros Cruz 13/08/2024

Excelente a matéria porque sintetiza o que eu havia pensado e vai além..Torço pela Chapada em respeito à sua história e sua importância como patrimonio natural mesmo que a ignorância a ganância e o oportunismo de poderosos que insistem em mante-la na mediocridade na pobreza e na dependencia absurda de Cuiabá...

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Clara Figueiredo 13/08/2024

Concordo plenamente com o exposto. Como pensar em começar uma obra que traz tantas incertezas, sem antes criar uma via de acesso para Chapada dos Guimarães. Sem contar com tantas outras alternativas ignoradas. Primeiro teriam que asfaltar a estrada para Água Fria. Dificílimo entender a cabeça dos nossos gestores.

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Domenico laurito 13/08/2024

A data 1917 está correta? Nessa data já não havia escravos...ou estou equivocado?. É só uma dúvida...no mais acho que essa obra não é tão simples.como nos parece. Ainda nos trará dores de cabeça.

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ANNINHA 12/08/2024

Tb não sou favorável ao retaludamento, pq não vai resolver o q realmente está sendo necessário se fazer, não é acima q se deve preocupar, mas sim abaixo da estrada. É muito triste ver o descaso e a falta de conhecimento com a nossa rodovia q tanto nos faz falta. Precisa se primeiro dar alternativas de acesso e depois trancar o nosso único acesso pra Cbá.

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Jandira Pedrollo 12/08/2024

Creio que as respostas a sua pergunta está no \"Projeto Portão do Inverno\" elaborado pelo governo do estado bem antes de \"verificarem\" os problemas de desmoronamento e interdição da pista. Lembra que o projeto previa passarela de vidro, estacionamento, restaurante, etc. Mas, para acomodar tudo isso seria preciso de espaco. Como resolver? E só arrancar \"um pouquinho \" de terra que tudo se resolve. Daí o retaludamento.

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Carlos 11/08/2024

Todo esse espetáculo do governo se chama \" dinheiro no bolso de forma fácil\"

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Claudio 11/08/2024

Será que em 3 a 4 meses termina a obra, porque começa a chover. Como fica?

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Eder 11/08/2024

Parabéns pela matéria da história de MT.

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NEI MOREIRA DA SILVA 11/08/2024

Falou tudo....parabéns.

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Laura Lucena 11/08/2024

Sou contra o retaludamento. É caro, demorado e vai acabar com nós moradores. Existem aqui pacientes de hemodiálise, muitos idosos e crianças, jovens e adultos que trabalham, estudam e necessitam ir todos os dias para Cuiabá. Sem falar no comércio, nas pousadas e no aumento do frete. Se já tivessem com obras do asfaltamento da estrada de Água Fria, tudo OK. Mas sei lá, MM odeia Chapada.

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11 comentários