Lideranças de 20 etnias indígenas se reuniram, nesta terça-feira (11), com representantes do governo estadual para expor suas demandas. O encontro faz parte da série de ações do Acampamento Terra Livre do Mato Grosso, mais uma conquista que acaba de ser consolidada a partir da força da mobilização nacional.
Mais de 200 indígenas, de diferentes povos, montaram acampamento na Praça Ulisses Guimarães, em frente ao Centro Político e Administrativo (CPA), com o objetivo de lutar por políticas públicas para os povos originários, além de combater a violação de seus direitos. Tradicionalmente realizado em Brasília no mês de abril, esse é o primeiro acampamento realizado em Mato Grosso. A programação de atividades vai até amanhã (13), unificando alianças e pleitos de 43 povos que vivem no estado.
E um dos principais encontros se deu com na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Na oportunidade, as lideranças indígenas foram informadas sobre o que o governo tem feito. "Dentre as ações previstas pelo REM Mato Grosso, está a realização de oficinas de capacitação para que cada um dos povos tenha seu próprio protocolo de consulta quando seus territórios forem afetados pela instalação e operação de empreendimentos", disse o secretário executivo da pasta, Alex Magera.
Já em relação ao desmatamento, foi esclarecido que as equipes de fiscalização da Sema não podem atuar dentro do território indígena, que é competência do Ibama. Temas como a conservação e preservação de rios e de reforço de ações de combate ao desmatamento, além da proteção à fauna silvestre também foram apresentadas aos servidores públicos.
Estiveram presentes na Sema lideranças da etnias Terena, Munduruku, Guató, Paresi, Boe Bororo, Chiquitano, Tapirapé, Umutina, Kanela, Kaybi, Nhambiquara, Rikbaktsa, Apiaká, Karajá, Kayaby do Xingu, Matipu, Kalapalo, Myky e Manoki. Da Sema, também estiveram presentes a superintendente de Educação Ambiental e Atendimento ao Cidadão, Vânia Montalvão, a coordenadora do Programa REM Mato Grosso, Lígia Vendramin, e o coordenador do Subprograma Território Indígenas, Marcos Camargo Ferreira.
Brasil
Segundo a coordenadora executiva da Apib pelo Conselho Terena, Val Eloy Terena, as lutas dos indígenas não dizem respeito somente a eles. "A luta que travamos nos nossos territórios, inclusive, com a própria vida, muitas vezes, é o que garante a existência do setor público e do setor privado. E, quando a gente fala desse novo governo, com esse novo ministério que a gente tem, a gente acaba avaliando que o governo está tentando consertar séculos de omissões e de erros", afirma a representante da Apib.
"É justamente o que temos vivenciado nos quatro anos anteriores, do governo Bolsonaro. Foi um retrocesso de direitos. Os nossos territórios sendo invadidos por pistoleiros, jagunços, onde há uma área de retomada. E hoje temos, à nossa frente, um ministério, para que possamos nos sentir, de certa forma, abraçados, em relação aos nossos territórios, porque a principal demanda do movimento indígena é a questão da territorialidade mesmo, é a demarcação, o reconhecimento das nossas terras e o respeito ao modo de vida que queremos ter nos nossos territórios", acrescenta ela sobre o tema escolhido para esta edição.
O primeiro ATL foi em 2004 e, em 2022, reuniu mais de 8 mil indígenas, provenientes de 100 povos e de todas as regiões do país. Ao longo de dez dias de programação, os participantes do encontro abordaram pautas do movimento indígena. Também foi uma oportunidade de buscar fortalecer candidaturas de lideranças para concorrer a assentos no Congresso Nacional, já que era um ano eleitoral.
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