Música e economia se encontram em uma combinação vibrante em Mato Grosso. Do MPB contemporâneo ao sertanejo, passando pelo rock, os festivais de música têm se destacado não apenas por atraírem grandes públicos, mas também por impulsionarem o comércio local e movimentarem a economia da região. O 15º episódio do PodCrê, “Som e Movimento: Festivais de Música Movimentando a Economia”, traz os bastidores e desafios da produção do Festival Baguncinha e do Festival de Inverno, em Chapada dos Guimarães.
Para falar desse assunto, os apresentadores Thielli Ehlert, diretora de comunicação e marketing do Sistema Comércio-MT, e Sandro Cassiano, gerente de comunicação do Senac-MT, conversaram com o produtor João Pedro Pace, sócio do grupo Casa Sumac e realizador do Festival Baguncinha, e Jr Brasa, empresário e produtor do Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães.
Jr Brasa explicou que no início da Genius Publicidade havia trabalhado com o pai e trazido alguns shows para Cuiabá, momento em que ganhou experiência. Mas, quando se tornou sócio na empresa, decidiu parar com a produção de shows, pois não era algo que dava retorno financeiro na época. “Chovia no dia e não ia ninguém. Na época, ninguém comprava ingresso antecipado. Não tinha internet, não tinha nem computador, era tudo muito difícil. Então a gente parou, mas ficou na memória afetiva da Genius”, contou.
Anos depois, foi convidado para realizar a promoção do Festival de Inverno. Pediu um mês para montar um projeto e apresentar. Nesse período, Jr e a equipe pesquisaram festivais de música do mundo inteiro, quais eram as atrações paralelas, além da música, e o que seria possível fazer em Chapada dos Guimarães.
“Nós fomos colocando as coisas. O primeiro projeto, que foi do Festival de 2022 foi um negócio tão maluco. Nós fizemos um festival de 44 dias, 72 shows. Ficou surreal, desumano para nós e para quem colocou as operações de alimentação, porque ele tinha que ficar 40 dias com a operação montada. Então, tipo assim, foi uma experiência incrível, acho que o maior festival do Brasil em tamanho, mas vimos que não era saudável fazer aquilo. Mas foi uma experiência incrível, muitas bandas, muitos shows nacionais. Um público legal, foi uma escola”, ressaltou Jr Brasa.
Ele contou que, com a experiência anterior, reduziram o Festival de 2023 para 13 dias, com 87 shows, formato que acabou se tornando o padrão atual, mas que não ficou mais fácil. “É um desafio, porque trazemos em torno de 15 shows nacionais e 72 shows regionais. É o evento, acredito, que mais promove a cultura regional do estado. A gente usa muito o termo ‘diversidade musical’, vai do religioso ao pagode. Este ano, íamos trazer um eletrofunk, mas a pessoa desistiu um pouco antes e tivermos que substituir por um DJ”, disse.
De acordo com o produtor João Pedro Pace, o Festival Baguncinha surgiu com dois objetivos principais, ser vitrine para artistas regionais e para artistas que talvez não viriam para Mato Grosso, que estão um pouco fora do circuito comercial de grandes shows, em início de carreira ou que a curadoria da Casa Sumac entende ser interessante para apresentar para o público regional.
Ele contou como o Festival Baguncinha surgiu e como chegou ao que é atualmente. “O Baguncinha nasceu da Sumac, que é uma gravadora. A nossa origem é fazer música, trabalhar com artistas da região, lançar essas músicas e gerir a carreira deles. A gente veio desde 2019, logo depois que estourou a pandemia, e nesse período trabalhamos on-line. Quando começou a reabrir, pós pandemia, 2020 e 2021, vimos que a experiência presencial do público ouvindo a música, vendo a reação dele, é a principal coisa da música”, explicou.
A partir daí, a Sumac aproveitou o espaço no estúdio, com capacidade para 200 pessoas, e começou a promover os próprios artistas ali. “Eles iam, tocavam as músicas deles, e as coisas começaram a acontecer. Começamos a fazer uma agenda uma vez por mês, depois duas vezes por mês, e o público começou a abraçar a causa”, contou João Pedro.
Segundo ele, o perfil do público que frequenta o Festival é jovem, sendo que 80%, de acordo com pesquisa realizada pela Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso, está concentrado entre 18 e 33 anos. “É um público jovem que está disponível a conhecer músicas novas. E o Baguncinha chega hoje com essa intenção primordial, de dar palco aos artistas que estamos trabalhando, que estão chegando”, enfatizou.
Prestes a realizar a terceira edição, João Pedro contou que as edições foram crescendo com a adesão do público e com o incentivo do poder público, por meio de editais. “Então, em 2022 a gente fez a primeira edição fora do estúdio, que ainda foi pequena, para até 600 pessoas, 22 artistas, sempre regionais. Ano passado, fizemos uma edição bem maior, fomos contemplados por um edital da Secretaria de Estado de Cultura, e conseguimos trazer atrações de fora para alimentar esse público”, completou.
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