No coração de Mato Grosso, a Chapada dos Guimarães é muito mais que um cartão-postal. Entre paredões imensos, vales profundos e cachoeiras exuberantes, o território guarda segredos de bilhões de anos – conhecimentos que a geologia, a arqueologia e o imaginário popular ajudam a revelar.
Esse é o ponto de partida do novo episódio do Tornar Comum, “#02 - Chapada dos Guimarães: passado, presente e futuro”, podcast da Pró-reitoria de Pesquisa da UFMT (PROPESQ) que conecta ciência e sociedade. O convidado para essa conversa foi o professor da Faculdade de Engenharia campus Várzea Grande/UFMT, Dr. Caiubi Kuhn, nascido na região, o geólogo e pesquisador é também o atual coordenador científico do Geoparque Chapada dos Guimarães.
Ao longo da conversa, Caiubi contou como surgiu o interesse pela pesquisa. “Venho de uma realidade em que a ciência, socialmente, era algo muito distante. Para você ter uma ideia, só fui ter luz elétrica em casa aos 11 anos de idade. Trabalho desde a infância e, quando tinha 13 anos, surgiu uma oportunidade que mudou minha vida: consegui uma Pibic Júnior, uma bolsa de iniciação científica voltada para o ensino médio. Foi nesse momento que tive a certeza de que queria seguir o caminho da ciência”, lembrou.
O pesquisador explicou, ainda, como as camadas de rocha contam que a Chapada já foi mar pelo menos três vezes em épocas diferentes; além disso, o pesquisador destacou a importância dos fósseis de dinossauros que são encontrados na região e comenta os desafios de preservar um patrimônio natural e científico tão rico, que ao mesmo tempo é destino turístico e fonte de renda para a comunidade local.
“O planeta Terra tem 4,6 bilhões de anos, e, dentro desse imenso tempo, a Chapada dos Guimarães ajuda a revelar quase um bilhão de anos. Não de forma contínua, mas por meio de registros de eventos que aconteceram ao longo desse período. Assim, a Chapada vai mostrando diferentes momentos: rios antigos, vulcões, cordilheiras, mares que já existiram, desertos e até dinossauros — tudo no mesmo lugar, mas cada ambiente corresponde a um momento específico do tempo geológico. É um patrimônio muito rico e fascinante”, comentou Caiubi Kuhn.
O episódio também abordou um tema atual: as obras no Portão do Inferno, trecho da rodovia MT-251, onde quedas de rochas levantaram debates sobre segurança, impactos ambientais e a importância de estudos técnicos realizados por pesquisadores e pesquisadoras da UFMT, incluindo o professor Caiubi Kuhn.
“Esse tema foi muito debatido e mostrou a importância da Universidade. Com apenas 30 mil reais, realizamos um estudo financiado pela Prefeitura de Chapada dos Guimarães que identificou a complexidade do problema, apontou as fragilidades da obra de retaludamento e indicou sua inviabilidade técnica. O governo, porém, não considerou o relatório e acabou gastando quase 10 milhões para chegar à mesma conclusão. Isso mostra como a universidade é essencial para oferecer análises técnicas, sérias e isentas, sempre em benefício da sociedade”.
O episódio provoca uma reflexão sobre o papel da UFMT e da ciência na tomada de decisões que afetam territórios sensíveis e historicamente relevantes, como é o caso de Chapada dos Guimarães.
O episódio já está no ar nas principais plataformas de áudio. Uma oportunidade para conhecer a Chapada além da superfície.
Os ouvintes podem enviar mensagens de texto ou de voz para o número (65) 99232-4334 ou escrever para o e-mail [email protected]. As dúvidas e sugestões podem virar tema de episódios futuros!
O podcast Tornar Comum está disponível nas principais plataformas de áudio:
Spotify: https://open.spotify.com/episode/0oLD8fXPeQ3Hie9f2LfNA0
Apple Podcasts: https://podcasts.apple.com/us/podcast/podcast-tornar-comum/id1823424767
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